terça-feira, 7 de junho de 2016

O foco na divisão do trabalho

Chiavenato (2000, p. 39), assim resume: “O problema agora era o de dirigir batalhões de operários da nova classe proletária que se criou. Ao invés de instrumentos rudimentares de trabalho manual, [esses operários precisavam aprender a operar] as máquinas, cuja complexidade aumentava."

Adam Smith criou o conceito de divisão de trabalho industrial;  era o início do “trabalho parcelado” aplicado à produção industrial. 

Smith descrevera, em sua obra A riqueza das nações (1776), o funcionamento de uma fábrica de alfi netes. Nela, a divisão do trabalho era evidenciada pela operação de produção: um operário esticava o arame, outro o retifi cava, um terceiro cortava, um quarto fazia a ponta, um quinto preparava o topo para receber a cabeça... 

Charles Babbage, em 1832, publicara um tratado que defendia o enfoque científi co da organização e da Administração, bem como enfatizava a importância do planejamento e da adequada divisão do trabalho. 

Braverman, por sua vez, defendia que a força de trabalho capaz de executar o processo pode ser comprada mais barato através de elementos dissociados do que como capacidade integrada num só trabalhador.

Trabalho Parcelado

O processo de parcelamento do trabalho tem as seguintes características: 

• o trabalho é decomposto em suas tarefas repetitivas mais simples e básicas; 
• o trabalho é fragmentado em partes que resultam em divisão e especialização da mão-de-obra; 
• o trabalho é seqüenciado em termos do que se precisa executar na linha de montagem.

Customização em Massa

Em resposta a tais desafi os, surgiu o CONCEITO CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA – produzir e entregar produtos de alta qualidade e baixo custo, feitos sob medida para atender às necessidades e expectativas dos clientes.

Na customização em massa, o foco está no cliente e no mercado. A produção é direcionada para as necessidades, gostos e preferências do cliente. Seu objetivo é fornecer variedade e padronalização através de um processo de produção fl exível e receptivo.

CONCEITO DE CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA 
Foi abordado pela primeira vez em 1970, por Alvim Toffler, em seu livro O choque do futuro
Em seguida, Stan Davis (em Future perfect) e Joseph Pine II (em Mass customization) retornaram e divulgaram o conceito.

Crítica Marxista

Em sua avaliação crítica, Marx identificou os seguintes efeitos nocivos para o trabalhador: a hierarquização do trabalho (o operário é submetido a um rígido controle por parte da gerência), a depreciação da força do trabalho (menores salários) e a submissão do trabalhador às ordens e à disciplina do capital. 

Marx criou o conceito de trabalhador parcial – o trabalhador individual que fica apropriado e anexado, durante toda a vida, a uma função específica. Executando uma ou duas tarefas, o trabalhador parcial se submete ao mecanismo total que o obriga a trabalhar com a regularidade de uma peça de máquina.

Uma outra crítica marxista ao sistema capitalista de produção foi a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual. Este último, mais bem remunerado, restrito aos engenheiros de produção, gerentes, supervisores e responsáveis pelo projeto. 

O trabalho manual, realizado pelos trabalhadores da linha de montagem, era parcial, fragmentado, alienado, mal remunerado, e responsável pelo produto

Crítica Braveriana

BRAVERMAN desenvolveu a tese da degradação do trabalho como conseqüência da implantação da divisão do trabalho nas linhas de produção. Ele partia da idéia de que o trabalho ou sistema capitalista de produção era degradado. 

Santana e Ramalho, em Sociologia do trabalho (2004) “uma desqualificação progressiva [do trabalhador] como conseqüência do aprofundamento da divisão do trabalho no capitalismo. Esse processo simplificaria ao máximo as tarefas, exigindo-se maior especialização parcial; e menor, ou reduzida, qualificação global” (p. 20). 

Para Braverman, fazer sempre as mesmas tarefas significa “desespecialização”, desqualificação da mão-de-obra.

Braverman (apud Santana e Ramalho) identificou os efeitos negativos do modo de produção capitalista:  

• o modo capitalista destrói sistematicamente todas as habilidades à sua volta;          
• dá origem à qualifi cação e à ocupação que correspondem às suas necessidades; 
• toda a fase do processo de trabalho é divorciada do conhecimento e de preparo especial;                     • há uma separação entre concepção e execução; 
• há uma desqualificação do trabalho;                       
• há uso extensivo e intensivo do controle pela gerência;                      
• há subordinação real do trabalho; 
• há uma forte redução do grau de interferência, resistência, individual ou coletiva, dos trabalhadores no processo de produção; 
• há alienação (como já visto em Marx) dos trabalhadores frente ao processo produtivo. 

Extraído do Livro História do Pensamento Administrativo do Professor Francisco de Paula Melo Neto do CEDERJ e da UFRRJ.

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