sábado, 11 de junho de 2016

O Fordismo e o Sloanismo

FORDISMO Refere-se ao nome do profissional que mais influenciou na criação do sistema de produção em massa, o norte-americano Henry Ford, fundador da Ford Motor Company. Determinado e ambicioso, buscou incessantemente a contínua redução dos tempos de fabricação dos veículos produzidos pela Ford, trabalhando com intercambialidade de funcionários e de peças, e, principalmente, com a padronização de métodos de trabalho, ferramentas e produtos.

Com o advento do FORDISMO, no início do século XX, surgiu a solução para o problema da produção em larga escala para o mercado de massa.  Nesse aspecto, Ford contribuiu para realizar o sonho de Taylor: um sistema de produção industrial forte e consistente – produção em massa —, capaz de atender às exigências de um mercado de massa.  

O AUTOMÓVEL POPULAR

A fábrica da Ford produziu 15 milhões de carros entre 1908 a 1927. Já naquela época possuía 230 mil m2 e 14 mil funcionários.

Henry Ford (1863-1947), industrial norte-americano, é o grande nome da moderna industrialização, sobretudo a de automóveis. Ele foi o pioneiro na produção de carros em massa. Uma das marcas de sua produção em massa se raduzia na cor de seus carros. Todos eles eram pretos. Dessa forma ele montava um automóvel que passava por um único processo de pintura. Uma frase atribuída a ele ficou famosa: “Você pode ter o carro da cor que quiser, contanto que ele seja preto”.

VERTICALIZAÇÃO X HORIZONTALIZAÇÃO

Henry Ford inaugurou a era da “grande indústria”, das “grandes fábricas”.

Desenvolveu um sistema de produção que concentrava todos os recursos e materiais necessários para a fabricação num único lugar. A linha de produção era suspensa, para permitir que os carros ficassem dispostos em linha na altura dos braços dos operários.

A fábrica de Ford implantou, dessa forma, a verticalização da produção. Para a época, a verticalização era a solução possível para assegurar a qualidade do produto e a gestão eficiente dos suprimentos de peças e componentes (estoques).  Além disso, não havia fornecedores especializados em número suficiente para atender à demanda das fábricas fordistas. 

Ao produzir carros em larga escala, Ford inaugurou a “era da produção em massa”. Produzir em massa para um mercado de massa – este foi o lema principal da sua vitória, a principal bandeira de luta de sua bem-sucedida trajetória no mundo dos negócios. 

Com o objetivo de reduzir os custos e padronizar a produção, Ford desenhou um único modelo de carro (modelo T), com uma única cor (preta). 

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA LINHA DE MONTAGEM FORDISTA

Em 1908, o tempo médio do ciclo de produção de um carro era de 514 minutos. Ford preocupou-se em reduzir o tempo desse ciclo. Sua primeira providência foi criar “linhas auxiliares” de abastecimento nos postos de trabalho. O trabalhador da linha de montagem não era mais obrigado a sair do seu posto de trabalho para apanhar as peças no estoque. Estas vinham até ele, entregues por outros trabalhadores que atuavam nas linhas auxiliares de abastecimento.

Em seguida, Ford estabeleceu que cada trabalhador da linha de montagem executasse apenas uma tarefa. Com tais mudanças, o tempo do ciclo de produção de um carro caiu para 2,3 minutos. Em 1910, ele criou a primeira planta de fábrica dedicada exclusivamente à montagem final de peças fabricadas em plantas distintas. Surgia a 1ª linha de montagem. 

A LINHA DE MONTAGEM MÓVEL

O conceito de “linha de montagem móvel”, na qual o produto em processo deslocava-se ao longo de um percurso, enquanto os operadores ficavam parados, tal como ocorria nos frigoríficos – os ganchos, transportando grandes carcaças de animais abatidos, percorriam as várias seções de corte através do sistema de carretilhas. 

Em 1912, Ford aplicou o conceito de linha de montagem móvel – LMM – na fabricação de motores. Em 1914, utilizou-o na montagem dos chassis.  O tempo médio do ciclo de produção foi reduzido para 1,19 minuto. Com a maior velocidade de produção, outros benefícios foram obtidos: redução da necessidade de investimento de capital, diminuição dos custos dos estoques, menos cansaço físico dos trabalhadores e outros.

O MODELO FORDISTA DE PRODUÇÃO EM MASSA

Na planta industrial principal – a linha de montagem móvel – fabricava-se o carro. Nas outras plantas industriais, os componentes do carro – chassis, motor etc., num processo de produção convencional. As demais peças e ferramentas eram fornecidas através de linhas auxiliares de abastecimento. Cada grupo de funcionários sediados nessas linhas encarregava-se de fornecer peças e ferramentas para os trabalhadores que atuavam na linha de montagem principal.

AS IDÉIAS INOVADORAS DE FORD

Ford também foi inovador na gestão de pessoas. Em 1914, adotou a jornada de trabalho de oito horas e duplicou o valor do salário. Orgulhava-se do fato de que seus funcionários eram dos mais bem pagos do mundo naquela época. Com os preços dos seus carros relativamente baratos, Ford motivava seus funcionários a comprá-los.

Curiosidades da época

Por que o Dia Mundial do Trabalho é comemorado em 1º de maio? Neste dia, em 1886, trabalhadores insatisfeitos com as condições precárias e a jornada de treze horas saíram às ruas de Chicago para exigir, entre outras reivindicações, a redução para oito horas de trabalho.  A manifestação, com passeatas, discursos e piquetes foi bastante reprimida. Houve prisões, pessoas feridas e mortas. Três anos mais tarde, um Congresso Socialista, em Paris, criou o Dia do Trabalho e marcou a data em homenagem à greve geral que aconteceu em Chicago.

As condições de trabalho nas fábricas no começo do século XX ainda eram bastante precárias. Pior situação viviam as mulheres e as crianças operárias, que compunham a força de trabalho, especialmente na indústria têxtil. Trabalhavam o mesmo número de horas que os homens e recebiam apenas uma fração dos salários deles. Somente m 1930, durante a Grande Depressão, é que o governo federal norteamericano se envolveu nas questões trabalhistas, para assegurar alguns direitos aos trabalhadores.

A CONTRIBUIÇÃO DE SLOAN

ALFRED SLOAN  foi um dos responsáveis pelo salto de qualidade na organização empresarial no século XX. Ao suceder o criador da General Motors, William Durant, no comando da empresa, seu desafio passou a ser a criação de cultura, estratégia e direção globais, ou seja, produzir carros que atendessem a todos os gostos. A solução foi a criação de um novo modelo de estrutura organizacional – a estrutura divisional – para dar suporte à gestão de negócios da General Motors. Com isso, Sloan tornou-se  pioneiro na criação dos modelos organizacionais das grandes corporações.

ALFRED SLOAN (1875 – 1966) Ocupou os cargos de vice-presidente e, posteriormente, de presidente da General Motors; salvou a empresa de uma grande crise, iniciada em 1920. Foi um dos primeiros gestores a escrever um livro teórico, Eu e a GM (1963). Ao assumir a direção da GM, o mercado era dominado pela Ford (60%), com seus carros populares, ao contrário de seus concorrentes que produziam automóveis de luxo. Sloan optou por uma linha intermediária, até então inexistente. A filosofia era a de abranger um mercado global. A maior homenagem que os americanos prestaram à memória de Sloan foi conceder seu nome à Escola de Administração e Negócios do renomado Massachusetts Institute of Technology (M.I.T.) / MIT Sloan Management.  

A General Motors deu início à diversificação de sua linha de produtos com diferentes marcas.  Cada marca de carro era destinada a um segmento específico de mercado. Ao contrário da estratégia de massificação de Ford, a estratégia da General Motors baseava-se na segmentação de mercados. Uma grande inovação estratégica para a época – do mercado de massa fordista para o mercado segmentado sloanista. 

Este novo modelo baseava-se nos seguintes fatores: 

• criação de divisões descentralizadas
• descentralização do poder decisório de tais divisões, dando-lhes grande autonomia de decisão e gestão
• transformação das divisões em centros de lucro, com objetivos de vendas, produtos, estoques, lucros, participação de mercado;
• criação de uma administração superior, cujo objetivo era cobrar resultados e monitorar o desempenho das divisões;
• centralização das funções de pesquisa, políticas financeiras e de vendas e de assessoramento às unidades de negócio (divisões). 

A “grande sacada” de Sloan Sloan pensou de outro modo [de produção] e concentrou a atenção da General Motors no mercado de carros para a classe média, inexistente até então. Seu objetivo era lançar um carro para cada bolso e finalidade (CRAINER, 1999, p. 57).

O FORDISMO E O SLOANISMO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA

De forma simplificada, podemos dizer que Ford criou o conceito de produto único (modelo T), de consumo popular e direcionado para o mercado de massa.  A estratégia de Ford baseava-se exclusivamente na boa qualidade com preço baixo.  Ford priorizava a sua visão de produto, pois seu foco era exclusivamente no produto. 

Sloan criou um novo conceito de produto: o produto-marca (Cadillac, Chevrolet, Oldsmobile), baseando-se na expectativa do americano médio de alcançar status social. Ele priorizava o mercado e procurava atender aos diversos segmentos de consumidores.  Para pôr em prática suas idéias inovadoras, partiu de diferenças – no bolso e na cabeça – entre possíveis consumidores.


AS BASES DA SOCIEDADE INDUSTRIAL

estandardização (métodos padronizados para fazer produtos padronizados, vendidos a preços-padrão); 
especialização do trabalhador;
sincronização da produção em série.

Veja, a seguir, outras características da sociedade industrial:

a separação entre os que pensam (gerentes, engenheiros) e os que produzem (operários). A desproporção entre operários e funcionários de “colarinho branco”: os primeiros em muito maior número.
• o mercado era caracterizado por uma oferta muito inferior à procura.
• as organizações eram centralizadas e tinham na atividade de controle a sua função gerencial mais importante, cuja expressão máxima é a “linha de montagem”; 
orientação para o produto, ou seja, a empresa produz bens ou valores e depois os impõe à sociedade (estoque)
adoção do primado da racionalização. Tudo aquilo que não era racional estava abolido, por exemplo: a emoção, a estética, a ética.

Industrialismo

Podemos chamar de industrialismo a produção em larga escala, com o emprego da energia mecânica, por meio de técnicas avançadas, fruto das ciências aplicadas, visando a um mercado amplo, por intermédio de mão-de-obra especializada e uma complexa divisão de trabalho. 

Características do industrialismo

concentração de grandes massas de trabalhadores assalariados nas fábricas e empresas gerenciadas e organizadas pelos empresários segundo o modo de produção industrial; 
prevalência numérica dos ocupados no setor secundário (indústria) sobre os ocupados nos setores primários (agricultura) e terciários (serviços); 
predomínio da contribuição industrial à formação da renda nacional; 
aplicação, na indústria, das descobertas científicas referentes ao processo produtivo; 
progressiva racionalização e atualização científica da organização do trabalho; 
divisão social do trabalho e sua parcelização técnica (divisão do trabalho em tarefas específicas), cada vez mais capilar e programada; 
separação do local de vida (casa) e local de trabalho (fábrica), entre sistema familiar e sistema profissional; 
progressiva urbanização e escolarização das massas; 
convivência conflitante, nas fábricas e na sociedade, de duas partes sociais distintas – empregadores e empregados –, reconhecíveis e contrapostas; 
formação de uma classe média cada vez mais consistente; 
redução das desigualdades sociais; 
difusão da democracia parlamentar; 
reestruturação dos espaços em função da fabricação e consumo dos produtos industriais;
maior mobilidade geográfica e social; 
produção em massa e difusão do consumismo; 
fé num progresso irreversível e num crescente bem-estar; 
difusão da idéia de que o homem, em conflito com a natureza, deve conhecê-la e dominá-la; 
sincronização do homem com os tempos incorporados às máquinas, não mais com os tempos e ritmos da natureza; 
predomínio dos critérios de produtividade e eficiência, estabelecidos como único procedimento para otimizar os recursos e os fatores de produção; 
• convicção de que, para atingir os objetivos práticos por meio da organização, existe the one best way, isto é, uma única via, melhor que qualquer outra, a ser descoberta, preparada e percorrida; 
possibilidade de recondução de cada produto industrial ao seu lugar (a fábrica) e tempo (padrão) precisos de produção; 
possibilidade de reconhecimento de uma dimensão nacional de vários sistemas industriais; 
existência de uma rígida hierarquia entre as várias regiões, com base no produto nacional bruto, na posse de matérias-primas e dos meios de produção.

A aplicação de métodos científicos à produção, a racionalização do processo produtivo, a sincronização de movimentos, a definição de TEMPO-PADRÃO, a filosofia e a crença no the one best way foram os alicerces da nova sociedade industrial. 

TEMPO-PADRÃO É o tempo ótimo estipulado para oferecer o melhor resultado na produção industrial, numa rotina quase mecânica de movimentos do trabalhador. O estudo dos tempos e movimentos feito por Taylor permite a racionalização dos métodos de trabalho do operário e a fixação dos tempos-padrões, para que não haja movimentos inúteis e escassez ou excesso de trabalho. 

Extraído do Livro História do Pensamento Administrativo do Professor Francisco Paulo Melo Neto do CEDERJ / UFRRJ.


Um comentário:

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